Sinópse: “O Falcão Peregrino” conta uma história de amor. Tudo se passa durante uma tarde de verão numa casa burguesa no interior da França, em “maio de 1928 ou 1929”. Um casal de irlandeses, a caminho da Hungria, faz uma pausa na viagem para almoçar com Alexandra Henry, uma americana que mora na França. A mulher, Madeleine Cullen, ostenta no pulso um falcão fêmea: Lucy. Durante algumas horas, o narrador Alwyn Tower, também de passagem e amigo de Alexandra, observa o casal, a relação deste com o falcão. Tower não tem pressa de dizer quem é, o que faz e quando vai partir. Para o leitor ele é tão misterioso como os personagens. Revela lentamente o exaspero e as frustrações de cada um, sentimentos que se espelham no falcão, que é mais do que um símbolo para a vida do casal. Numa lenta dramatização habilmente dosada pelo narrador, “O Falcão Peregrino” é um mergulho na alma humana, uma crítica irônica e áspera à futilidade e aos valores de um casal burguês, cuja aparência de estabilidade e felicidade se desmascara de forma patética.O estilo sóbrio e reflexivo de Wescott, com traços de ironia aguda e sutil crítica social, lembra o das grandes obras de Henry James, este outro americano expatriado na Europa. A cada página lida, crescem a loucura e a exasperação do casal, o ódio e o amor que cada um sente em relação ao outro, as semelhanças (físicas e afetivas) com o falcão, armando uma analogia perversa e grotesca entre os seres humanos e os animais.