Sinópse: O escritor português António Lobo Antunes exalta o esplendor e o dissabor do cotidiano de atrocidades em que se transformou Angola, retratando uma África bela e cruel em seu 13º romance, O esplendor de Portugal. Reúnem-se nesse livro muitas das reminiscências do escritor que é formado em Medicina (especializado em Psiquiatria) e foi médico na Guerra Colonial de Angola. Não à toa seus personagens têm uma veracidade e uma pungência tão reais e pouco ficcionais.A história fala de uma família de portugueses, brancos, abastados, que vivem do plantio do algodão em Angola. O pai nada tem do clássico patriarca: é um pobre coitado, alcoólatra, fraco. Sua mulher sofre com a fragilidade do marido e tenta, em vão, sobreviver numa terra-de-ninguém, marcada pela guerra e pela miséria, sem lei nem perdão. O casal tem três filhos, crias de um núcleo rodeado pela violência do preconceito. O primogênito Carlos, bastardo e mestiço, cresce assombrado pela discriminação que começa com a própria mãe (ele é fruto de uma relação extraconjugal do pai com uma negra). Sua irmã Clarisse leva uma vida de prazeres sem se importar com as conseqüências. O outro irmão, Rui, é epiléptico e vive internado num hospício de quinta categoria em Lisboa.Toda a história é refeita em flashbacks numa noite de Natal em que Carlos, já aos 43 anos, decide reunir os irmãos em casa. Todos, a essa altura, moram em Lisboa, mas agonizam em memórias tristes, desfiadas com o lirismo encantador da literatura de António Lobo Antunes. Seus personagens têm a liberdade de revezar-se na primeira pessoa, cada qual com sua versão. E elas, as versões, são muitas. Cada integrante da família tem uma visão completamente diferente da história que partilham, alternando lembranças lúdicas e amarguras, mas todos marcados pela barbárie de uma guerra que revela Angola como uma massa disforme e miserável. Ainda assim, António Lobo Antunes afirma que, se pudesse escolher outro país para viver, optaria por Angola.