Sinópse: Leonardo Sciascia, em certa ocasião, disse que seu modelo de escritor e intelectual era Voltaire, o mais irônico entre os iluministas que o século XVIII produziu. Como seu mestre francês, ele também foi um crítico dos entraves à emancipação do homem. Só que, no seu caso, a sátira foi mesclada à amargura. Muitos críticos literários o consideram o mais importante discípulo do dramaturgo Luigi Pirandello. Em 1956, Sciascia publicou seu primeiro livro, As paróquias de Regalpetra, uma coletânea de crônicas que têm no dia-a-dia siciliano seu principal tema. No entanto, seu primeiro sucesso veio cinco anos depois com O dia da coruja. O livro, escrito na década de sessenta, contém os elementos básicos da obra daquele que seria considerado um dos três maiores autores italianos do século. Sciascia, o primeiro escritor a denunciar a Máfia, nunca aceitou o mundo em que vivia e a literatura foi sua tentativa de transformá-lo. Em O dia da coruja, o escritor parte de um crime para chegar à impossibilidade da justiça diante dos acordos e da violência que se sobrepõe à lei. Uma narrativa curta e seca, em que se vê o autor, mais uma vez, inconformado com a condenação de alguém a uma morte arbitrária. Um oficial dos carabinieri, nascido no norte, mas vivendo na Sicília, é o protagonista da narrativa. Um homem que crê nos valores de uma sociedade democrática, vivendo o imobilismo de um mundo velho e reacionário. A história se move em dois planos: o do inquérito conduzido pelo oficial sobre uma série de delitos da Máfia, e o da poderosa cumplicidade que tentará encerrá-lo ou desacreditar seus resultados.