Sinópse: O romance de estreia de Gualberto Gambier, Memória de todas as outras, traz uma narrativa amadurecida, em primeira pessoa, de um homem que faz da experiência de amar todos os seus caminhos de vida. A personagem central da narrativa se alimenta do amor que pode dar e receber e vê na mulher e no amor a finalidade do homem. Com uma linguagem simples e eficiente, que não privilegia contornos linguísticos rebuscados e que não encadeia enunciados de longo fôlego, o narrador consegue dar a sua narrativa um ritmo extremamente ágil. Esse tipo de andamento da narrativa, entretanto, não banaliza o narrado. O tom confessional e intimista, de relato e confissão, é enriquecido pela tessi¬tura de uma série de reflexões, oriundas de um saber que se aprendeu ao longo da experiência de uma vida aberta ao novo, ao amor, à humanidade do homem. Dentre essas experiências, o sexo é tratado como algo complementar à alma, como se sugerisse a reunião, no sexo, da naturalidade e da espiritualidade do homem. A memória é posta nesta obra como espinha dorsal da narrativa, como fio condutor do relato da personagem narradora. Os flash¬backs têm a medida certa, não é longo em demasia, o suficiente para que elucidem a educação amorosa da personagem, sem que se perca o ritmo. A superposição de tempos vai, aos poucos, revelando personagens, episódios e reflexões, que garantirão, de um lado, a verossimilhança, e, de outro, a densidade da narrativa. A experiência de todos os homens é reapresentada nos diversos blocos temáticos subjacentes à narrativa. A família, a centralidade das figuras paterna e materna, os traumas e problemas não solucionados, o trabalho, a recusa ao senso comum, a relação com o dinheiro, a amizade e a confiança no ser humano, tudo reaviva certa humanidade do homem, de todos os homens, o que faz desse livro um tributo à vida e às formas superiores de amar.