Sinópse: As crônicas de Lourenço Diaféria retratam poeticamente uma cidade mergulhada no lirismo e no drama, na decepção, mas também na beleza. Nos fragmentos de cotidiano recolhidos por seu olhar, e coração, ora distraído, ora perscrutador – sim, pois esses cacos de vida lhe chegam por acaso, ou ele os busca em caminhadas pelas ruas – fervilham: a esperança, em meio à fuligem dos tubos de descarga de ônibus e automóveis; a poesia: frente a uma bonita construção que virá abaixo em troca de uma melhoria urbana discutível; o heroísmo, de quem, anônimo, troca sua vida pela de uma criança exposta à violência ou às armadilhas fatais que os adultos inventam. Profundamente tocantes, os texto reunidos neste Crônicas antológicas levam o leitor a refletir sobre como os indivíduos, a cidade, o mundo podem ser mais humanos, se quiserem. Ao falar sobre coisas, acontecimentos e assuntos aparentemente sem relevância, Diaféria penetra em áreas sensíveis de nossas possibilidades, mas também de nossas culpas coletivas. Assim, em suas crônicas, o tiro disparado por um policial mal preparado contra um inocente tem no gatilho o dedo de todos. Porém, aquele bicho de estimação, perdido no quintal entre outros, deslocado e medroso, também pode ser cada um de nós. Tragado para a cena, em ângulo privilegiado de observação ou em área de risco, ao leitor não resta outra alternativa a não ser desempenhar o papel que o narrador lhe reservou: participar dos eventos com o coração na mão, assistir a tudo com o coração enternecido.