Sinópse: Livro mítico da literatura pernambucana, A emparedada da Rua Nova, escrito por Carneiro Vilela, deve seu sucesso, em grande parte, ao mistério que cerca sua criação: o autor retratou um crime verdadeiro e hediondo, em que uma moça indefesa foi emparedada viva, pelo próprio pai, “em defesa da honra da família”?. Ou teria Vilela, usando recursos estilísticos de grande genialidade, criado a estória que, de tão bem construída, faz com que até hoje muita gente acredite que ele se baseou em fatos verídicos? Verdade ou ficção, o enredo d’A emparedada envolve o leitor num torvelinho de emoções, num crescendo de paixões e loucura, que culminam com o assassinato da jovem burguesa Clotilde, solteira e grávida, e de seu amante, o sedutor Leandro. A trama construída por Vilela tem todos os ingredientes dos grandes dramas universais: inveja, ambição, ciúme, poder, mentiras, intrigas, amor e ódio, tudo isso exacerbado pelos costumes do Recife do século 19, eivados de preconceitos de classe, raça, cor e condição social.O drama de Joaquim Maria Carneiro Vilela foi editado na forma de folhetim no Jornal Pequeno, do Recife, entre agosto de 1909 e janeiro de 1912, sendo depois transformado em volume. O romance retrata com cores vívidas a sociedade recifense da época, apresentando uma série de cenas onde aparecem os costumes, as festividades, o casamento, a condição feminina, o lazer, a escravidão, a marginalidade e outros aspectos importantes da cultura local. Dezenas de personagens desfilam nas suas páginas, desde aqueles pertencentes às altas classes, como os ricos comerciantes, moradores de imponentes sobrados, até os jovens empregados do comércio, escravos domésticos e grupos marginalizados, despossuídos moradores de mocambos localizados à beira dos manguezais do Recife, com os quais os personagens centrais deste drama partilham segredos e intimidades, até chegar a cumplicidade de urdir um dos mais macabros crimes da literatura brasileira.