Sinópse: “Eugénie Grandet”, um dos textos entre os 89 romances, novelas e histórias curtas que compõem este enorme painel do século XIX que é A comédia humana. Este é o título geral que dá unidade à obra, ordenada pelo autor em três partes: “Estudos de costumes”, “Estudos analíticos” e “Estudos filosóficos”. A maior das partes, “Estudos de costumes”, com 66 títulos, subdivide-se em seis séries temáticas: Cenas da vida privada, Cenas da vida provinciana, Cenas da vida parisiense, Cenas da vida política, Cenas da vida militar e Cenas da vida rural. Eugénie pertence às Cenas da vida provinciana, o que para Balzac não é nenhum desmerecimento frente ao pulsante cotidiano da Paris da época. Para o autor, “no fundo das províncias encontram-se algumas mentes dignas de estudo sério, caracteres cheios de originalidade, existências tranqüilas na superfície, mas secretamente devastadas por paixões tumultuosas”. A Eugénie da história é uma moça doce e provinciana, filha do rico senhor Grandet – que enriqueceu, às custas do dote da esposa, por meio de investimentos no período pós-Revolução Francesa. Todos os cidadãos de Saumur gostariam de casar seus filhos com Eugénie, o melhor partido da cidade. A riqueza de Grandet, proveniente do comércio de vinhos, e a filha solteira, eram assunto permanente na pequena Saumur, que assiste com surpresa à chegada de Charles Grandet, sobrinho do rico e avaro comerciante. O romance trata da história de amor dos dois jovens, ao mesmo tempo ardente e resignado. Balzac, a partir desse conflito, irá discutir temas como o declínio da nobreza, a euforia burguesa, a onipotência do dinheiro e a ascensão social de pessoas como o senhor Grandet, neste que foi considerado, tão logo publicado, uma obra-prima.