Sinópse: Mino Carta, um dos maiores e mais fundamentais jornalistas brasileiros, é aqui Mat, personagem de fundo autobiográfico que transita entre dois ambientes: a Itália de sua juventude e um Brasil desfigurado pela ditadura. Descreve a riviera mediterrânea com pinceladas de Ticiano – das nodosas oliveiras que lhe fazem sombra à hora do almoço aos gerânios púrpura que saltam aos olhos sob o sol da costa italiana. O óleo e a terebentina mesclados em seu pincel (ou em sua pena?) penetram os poros das telas de Mat com fluidez – tão fluidamente quanto experimenta os diversos relacionamentos que sua edênica Itália lhe traria: Angelina, Matilda, Assunta, Gar, e a formidável Nuvem. A eternidade do primeiro momento se desdobra então em um segundo ato, conduzido por outro tipo de infinitude: um Brasil que se arrasta, atingido pelos maus tempos. Um país do cárcere da ditadura, do medo, do filho morto em combate na luta armada, dos interrogadores terríveis. Mat e Mino acabam por não resolver o conflito entre Itália e Brasil. A volta à Itália ao final do romance, em deslumbrante literatura, expõe um mar que se dilue entre o abismo dos atos da peça, e as cortinas já não detém toda a água salgada que vaza pelo palco: o epílogo do retorno desencantado parece quase inaceitável. Como escrito por Paulo Henrique Amorim no texto de orelha do livro, “romancista, pintor à la Bacon, tenista (há melhores), exímio chef de cuisine, imbatível jogador de poker, cantor de talento raramente reconhecido, arguto comentarista de futebol e o maior jornalista do Brasil”: Mino Carta não poderia ser uma figura menos prestigiada, crucial ou instigante. E seu romance faz jus a todos os méritos atribuídos ao autor, em um misto de belas experiências estilísticas, realidade e ficção.