Sinópse: Olha para o céu, Frederico! é o romance de estréia de José Cândido de Carvalho. Escrito em 1939, já prenunciava seu talento, consagrado anos mais tarde com O coronel e o lobisomem (1964). Eduardo de Sá Meneses é neto do barão da Pedra Lisa, senhor do engenho do açúcar, que construiu sua fama graças à moagem de cana, origem da fortuna da família, no século XIX. Uma polêmica na imprensa o motivou a escrever a história de seu tio Frederico Meneses, com quem morou na adolescência na fazenda São Martinho, principal concorrente da São José, do primo Quincas de Barros. A rivalidade entre as duas fazendas, o romance proibido com a tia, o envolvimento com a política e o orgulho dos barões são detalhados pelo sobrinho, cuja trajetória é contada por José Cândido com humor e estilo literário envolventes. Gestos comedidos e aparente apatia eram os traços da personalidade de Frederico à primeira vista. A família o via como um tolo. Comentava-se que era um Sá Meneses sem brilho, que não merecia ostentar o sobrenome. Pouca gente percebia sua astúcia na condução dos negócios; talvez só sua bela e jovem esposa Lúcia e Eduardo, que acabou deixando-se encantar pelos poderes de sedução da moça, com quem descobriu o amor e o sexo. O rapaz cresceu observando os estilos diferentes do tio e do primo de administrar o rentável negócio de açúcar e admirava a inteligência de Frederico: não discutia nem fazia escândalo. Deixava que o primo viesse com sua fúria de empreendedor desmedido. O primeiro comandava seus empregados com voz mansa, vivia dizendo que estava à beira da bancarrota, desprezava a automação do engenho e se satisfazia com a pequena fornalha, de onde extraía o suficiente para um mercado modesto. Já Barros investiu no maquinário, bradava com os funcionários, sendo ambicioso e exibicionista. Com o tempo, os investimentos de Quincas naufragaram em meio a dívidas e contratos desvantajosos. A São Martinho, no entanto, tornou-se um império realizando empréstimos e comprando terras aparentemente sem serventia.