Sinópse: Uma mulher, Áfria, nasce no império, passa pela república, sente os reflexos da primeira guerra mundial, é escolhida para casar com um coronel nos tempos do coronelismo, enquanto ainda é apaixonada por um moço que sorri com os olhos e lhe apura os ouvidos com a poesia e um amor eloquente e juvenil. Ela é obrigada a sair da corte e se mudar para o interior de Minas, num tempo em que a poeira avermelha seu piano e seus sentimentos mais puros. Ela se torna amarga e fria exigindo do marido nada menos do que a construção de um palacete numa terra de lavadeiras, fazendeiros, um pároco culto e seu povo sofrido e simples. Surpreendentemente, a escritora inverte e transveste a lógica dos capítulos, obrigando o leitor a transitar no tempo de antes, no agora e no depois para desfiar a história que remete à travessia de muitas mulheres e personagens do início do século XX e os acontecimentos em torno da corte do Rio de Janeiro e uma cidade do interior de Minas. Lá, Áfria, se torna uma personagem distante sempre atrás das cortinas e dos vitrais. Escondida, desamparada do mundo, também o desampara, quando se mantém afastada da vida cotidiana e amarga a falta de um amor que ainda sonha reaver. Sensível demais para o entendimento do que está ao redor, excluída de suas escolhas. O piano, uma amiga, uma criança, um homem que a ama e venera, vai dando sentido à trama de um romance que atravessa quase a metade do século XIX e a outra metade do século XX. Vive a semana de 22, atravessa a ditadura e depois a segunda guerra mundial. O livro se inicia quando a autora e um professor resolvem entrar num Palacete e lá remonta uma trajetória fictícia do que poderia ter ocorrido ali durante tanto tempo. Fruto de muita pesquisa sobre arquitetura, acontecimentos históricos, um texto poético e contundente, leva o leitor a aventurar-se nas páginas da história e de seus arredores com um olhar arrebatador que prende-lhe a atenção até o fim. Um romance de época, intrigante, tomado por amores, arte, história e poesia.