Sinópse: António Lobo Antunes faz parte de um seleto grupo de escritores portugueses de reconhecimento internacional. Louvado pela crítica européia, principalmente a alemã, o autor vive uma relação de amor e ódio com seu próprio país. Um dos poucos momentos de unanimidade ocorreu em 1996, com o lançamento de “O manual dos inquisidores” — o primeiro livro de uma tetralogia sobre o poder em Portugal. O livro recebeu críticas altamente positivas e permaneceu nas listas de best-sellers por mais de um ano, cedendo espaço apenas para o novo livro que dá seqüência ao seu projeto, O esplendor de Portugal, ambientado em Angola, onde o autor trabalhou como médico durante o período de guerra colonial. Em “O manual dos inquisidores”, António Lobo Antunes apresenta a saga de uma família portuguesa e os impactos da imobilidade do salazarismo, da crueldade colonialista e da transição brusca, tendo como ponto de ruptura a Revolução dos Cravos. O livro atrai principalmente pela narração inventiva, pela técnica polifônica que permite que o narrador dialogue com os personagens (como o pai, ministro e latifundiário, ou a ex-esposa) de forma não-linear. Segundo António Lobo Antunes, a idéia do livro surgiu de uma história, contada por seu irmão, de um senhor que dizia, em relação às mulheres, “eu faço tudo o que elas querem, mas nunca tiro o chapéu da cabeça”. Talvez por isso algumas frases ecoem pelo livro, martelando a narrativa, mantendo uma relação constante de tensão. A forma inovadora de “O manual dos inquisidores”, no entanto, não distancia o leitor. O autor tem a perfeita noção de que “um bom romancista é um romancista eficaz, aquele que não se sacrifica à pirueta, à metáfora… O seu objetivo é a eficácia da narrativa”.