Sinópse: “O mais forte atrai o mais fraco; o senhor arrasta o escravo; o homem, a mulher. Tudo é subordinação e governo”, diz em certa altura o personagem Lentz, na obra Canaã, do escritor Graça Aranha e que está completando 100 anos de sua primeira edição. Canaã é um romance de idéias. É a história de uma paixão: a fuga de Milkau e Maria em direção à terra da promissão e do amor. Documento social, poema em prosa, debate filosófico, o livro de Graça Aranha é um marco da literatura brasileira. Nesta edição que comemora cem anos da sua publicação original, Canaã comprova sua condição de clássico, continuando a exercer fascínio e interesse sobre os leitores das novas gerações. Quando Milkau se encanta com a frágil Maria Perutz, num baile na roça, o romance toma outro rumo. A favor da mistura de raças e de uma forte fé na bondade do ser humano, o alemão não pensa duas vezes em ter Maria consigo. Resolve ajudá-la ainda mais quando ela é acusada de infanticídio. Foge com ela para o Vale do Canaã, em Santa Teresa, o que seria, na sua visão, a “Terra Prometida” (fazendo uma referência à terra, no Antigo Testamento, prometida por Deus aos judeus libertos da escravidão no Egito), local de liberdade e de um novo começo, longe da civilização decadente, na sua visão romântica. O fim é trágico. Resta saber se, como juiz, Graça Aranha deu ganho de causa ao pessimismo de Lentz. É por essas e outras especulações que Canaã não sai de cena e atrai leitores. A publicação traz ainda introdução e notas explicativas do historiador Renato Pacheco. Também conta com um ensaio fotográfico realizado por Humberto Capai, com cliques justamente na região onde se passa o romance.